Os 15 melhores poemas de amor para os românticos de plantão


Ana Laura Cruz
Ana Laura Cruz
Mestre em Gestão e Estudos da Cultura

O amor é um sentimento que brota meio sem querer e se alastra pelo corpo e pela alma quase instantaneamente. É com esta força que grandes escritores se inspiraram para criar grandes poemas que preenchem o coração de qualquer pessoa apaixonada!

Se você procura poemas de amor para se inspirar, compartilhar ou enviar para aquela pessoa especial, veja a seguir a seleção que fizemos para você com os 15 melhores poemas sobre amor que abalam o coração dos apaixonados:

Poemas de amor de grandes escritores brasileiros

castro alves
Castro Alves

Começamos com duas poesias de amor de Castro Alves, poeta da terceira fase do romantismo brasileiro. Sobre a época da sua juventude, Antônio Loureiro de Souza diz "Vive, e bem vivida, a sua época, agitando-se entre o amor e a poesia – razão de ser que foi da sua existência." E assim, haja amor no legado de Castro Alves!

1. Beijo eterno (Castro Alves)

Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!
Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!
Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!
Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!

2. Amar e ser amado (Castro Alves)

Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento:
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano —,
Beijar teus dedos em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante — amado —
Como um anjo feliz… que pensamento!

3. Eu te amo (Chico Buarque e Tom Jobim)

Dois dos maiores nomes da Música Popular Brasileira trabalharam juntos neste texto. As composições de Chico Buarque e Tom Jobim são pura poesia separadamente, em conjunto, são das melhores que existem! Neste incrível poema romântico sobre amor eles trazem um eu-lírico tão envolvido na relação que há uma espécie de fusão entre os dois enamorados.

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

4. Amar você é coisa de minutos… (Paulo Leminski)

O paranaense Paulo Leminski também esteve ligado à música, mas foi sempre com a escrita que o seu nome alcançou mais projeção. Além da obra poética e ensaios, também produziu obras infanto-juvenis e traduções. Confira essa linda poesia de amor do escritor.

Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui

Mário Quintana
Mário Quintana

5. Amar, nunca me coube (Mário Quintana)

Mário Quintana ficou conhecido como o “poeta das coisas simples”. Tendo o cotidiano como inspiração, o poeta usa constantemente a ironia a seu favor. Até quando fala de amor.

Mas sempre transbordou
O rio de lembranças
Que um dia me afogou
E nesta correnteza
Fiquei a navegar
Embora, com certeza,
Não possa me salvar
Amar nunca me trouxe
Completo esquecimento
Mas antes me somou
Ao antigo tormento
E assim, cada vez mais,
Me prendo neste nó
E cada grito meu
Parece ser maior

6. Bilhete (Mário Quintana)

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda…

7. Soneto da fidelidade (Vinícius de Moraes)

O “poetinha”, apelido carinhoso dado pelo amigo Tom Jobim, foi um romântico e boêmio inveterado que deixou um marcante legado para a literatura e para a música brasileira.

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

8. As sem-razões do amor (Carlos Drummond de Andrade)

Carlos Drummond de Andrade fez parte da segunda geração do Modernismo Brasileiro. No entanto, a sua obra transcende a movimentos literários e pode/deve ser vista de forma isolada.

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou de mais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

9. Arte de amar (Manuel Bandeira)

Manuel Bandeira tem um estilo bastante direto em suas obras, quase uma patada, por assim dizer. Um poeta lírico e de estilo rebuscado, mas que fala de assuntos “vulgares” e próximos da gente.

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

10. Cantiga para não morrer (Ferreira Gullar)

Um dos criadores do neoconcretismo nos anos 1960 no Brasil, Ferreira Gullar participou ativamente dos movimentos literários da sua geração, sem se prender às estruturas de cada um e sempre disposto a mudar de estilo quando lhe interessava.

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Poesias de amor de grandes poetas portugueses

11. Morrer de amor (Maria Teresa Horta)

A poetisa portuguesa Maria Teresa Horta ficou mais conhecida pela sua luta feminista do que pelos seus poemas de amor, mas no poema Morrer de Amor ela demonstra bem o seu talento e nos encanta com a falsa simplicidade dos seus versos.

Morrer de amor
ao pé da tua boca
Desfalecer
à pele
do sorriso
Sufocar
de prazer
com o teu corpo
Trocar tudo por ti
se for preciso

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12. Amor é fogo que arde sem se ver (Luís Vaz de Camões)

Camões é um dos principais nomes da literatura mundial. Neste soneto, o poeta alcança dos maiores desafios do estilo: constrói os versos decassílabos, com 10 sílabas poéticas e uma pausa na sexta sílaba.

Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Florbela Espanca
Florbela Espanca

13. Fanatismo (Florbela Espanca)

Florbela Espanca teve uma vida curta, morreu com apenas 36 anos, mas uma vida intensa. A temática principal das obras da poetisa foi o amor e assim, selecionamos um de seus trabalhos onde esta intensidade está bem representada.

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !
Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !
E, olhos postos em ti, digo de rastros :
Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."

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14. Em todas as ruas te encontro (Mário Cesariny)

Mário Cesariny foi o principal representante da vertente surrealista em Portugal. O poeta se manteve constantemente em experimentação tanto na escrita quanto na pintura.

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Pablo Neruda
Pablo Neruda

15. SONETO XVII (Pablo Neruda)

Saindo dos poetas lusófonos, fechamos nossa seleção com este grande poeta e escritor chileno que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1971 e é até hoje um dos principais nomes da poesia no mundo. Confira este belo soneto de Pablo Neruda!

Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.

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Ana Laura Cruz
Ana Laura Cruz
Mestre em Gestão e Estudos da Cultura, especializada em Comunicação Audiovisual desde 2009. Produz textos e eventos culturais. Viaja no mundo e na maionese, sempre que possível de carona.